Motricidade Orofacial e Disfagia

A Motricidade Orofacial é uma especialidade da Fonoaudiologia que auxilia na reabilitação da musculatura da face e das funções orofaciais como a postura correta de lábios e língua durante o repouso, mastigação, deglutição, respiração, e fala. Dentre as funções orofaciais destacamos a importância da respiração. A respiração nasal é primordial para o adequado crescimento e desenvolvimento corporal e facial. Com relação a face, a respiração nasal propicia o correto alinhamento dos dentes e das arcadas, o bom desenvolvimento dos músculos de lábios, língua e bochechas que são a base para as funções de sucção, deglutição, mastigação e fala.

Dentre as alterações miofuncionais orofaciais, destacamos o atendimento especializado em algumas áreas como:

Respiração oral
Quais são os efeitos da respiração oral?

  • alteração da postura corporal e facial, com a permanência de lábios entreabertos,
  • flacidez da musculatura mastigatória e de lábios, língua e bochechas,
  • prejuízo para realizar as funções de sucção, deglutição, mastigação e fala,
  • alteração da oclusão dos dentes,
  • características como desatenção, obesidade, sonolência, dentre outros.

O Fonoaudiólogo pode auxiliar, junto ao tratamento preconizado pelo médico, na reabilitação desta função.

Hábitos Orais
Os hábitos orais são comuns durante a infância como sugar dedo, chupeta, mamadeira por tempo prolongado, roer unhas, dentre outros.

Os malefícios do hábito oral irão depender basicamente de três fatores: frequência, duração e intensidade. A sucção do dedo quando identificada deve ser substituída pelo uso da chupeta ortodôntica, por ser um hábito de fácil acesso e de difícil retirada. Entretanto, os bebês têm o hábito de explorar partes do corpo colocando-as na boca, como mãos e pés. Isso não quer dizer que o hábito será instalado, não podendo ser confundida com a exploração corporal e natural do bebê. Entretanto, se a sucção de dedo torna-se característica e repetitiva, medidas preventivas devem ser tomadas.

O uso da chupeta deve se restringir àqueles momentos em que a criança não está mais com fome e tem a necessidade apenas de continuar sugando. Ao adormecer, a chupeta deve ser retirada do berço ou cama para não se criar o hábito da chupeta noturna. Manter a chupeta na boca durante o dia, prejudica o desenvolvimento da fala e estimula inadequadamente a respiração pelo nariz.

A chupeta não deve ficar presa à roupa do bebê ou ser dada sem a real necessidade. Ela serve apenas para acalmar o bebê, então deve ser usada em momentos bastante específicos. Até os 2 anos, de forma gradual, deve-se retirar a chupeta para que não haja um comprometimento do crescimento da face. Tanto a chupeta, como a mamadeira, quando utilizadas por um longo período, podem levar a alterações das arcadas dentárias, como as mordidas abertas, por exemplo.

DTM
As disfunções temporomandibulares podem ocorrer na infância e adolescência também, mas ocorrem com maior frequência na fase adulta, pois estão muito relacionadas à qualidade de vida do indivíduo, dentre outras causas.

As DTMs acometem a articulação temporomandibular e os músculos mastigatórios. Os sintomas mais comuns são dor e cansaço muscular na região da face, desvios na abertura e fechamento da boca, ruídos articulares durante os movimentos da boca ao mastigar, bocejar ou falar.

Os hábitos parafuncionais como apertar ou ranger os dentes, roer unhas, morder lábios e bochechas são fatores que podem causar ou agravar os sintomas de dor orofacial. O tratamento é interdisciplinar e conta com a ajuda de especialistas como dentistas, médicos, psicólogos e fisioterapeutas, além da própria ajuda fonoaudiológica

Paralisia Facial
O Fonoaudiólogo atua na reabilitação das paralisias faciais principalmente nas funções da fala, mastigação, deglutição e expressão facial. O trabalho deve ser iniciado o mais precocemente possível, com o objetivo de evitar sequelas importantes.

Ronco
O paciente que ronca e apresenta a síndrome de apneia obstrutiva do sono deve ser acompanhado por uma equipe interdisciplinar. O Fonoaudiólogo poderá auxiliar na orientação e realização de exercícios para fortalecer a musculatura da boca e garganta a fim de minimizar os quadros de ronco.

Adaptação ao uso de Próteses Dentárias
Muitos indivíduos que utilizam próteses dentárias referem ter dificuldades na produção de alguns sons na fala, principalmente para os sons sibilantes como “s” e “z”. Essa dificuldade pode ser transitória após a colocação das próteses e pode perdurar por até 6 meses. Entretanto, essas distorções podem ser minimizadas com a ajuda fonoaudiológica . Alguns indivíduos referem que mesmo após a fase de adaptação, ainda percebem distorções na fala e até mesmo dificuldades para mastigar e engolir. O objetivo do tratamento está em realizar melhores ajustes motores para essas funções orais, gerando maior eficiência.

Traumas de Face
Infelizmente, acidentes de trânsito, quedas, agressões físicas acontecem no nosso dia a dia. E muitas vezes podem causar fraturas e traumas de face. Quando isso ocorre, as funções mais prejudicadas são a mastigação e a fala. Com isso, pode ocorrer uma alteração da articulação da fala e o indivíduo pode apresentar uma limitação para os movimentos da mandíbula. O tratamento é sempre multidisciplinar e especializado. O objetivo da terapia fonoaudiológica é restabelecer o equilíbrio da musculatura da face, auxiliar no alívio da dor e na diminuição do inchaço e reabilitar as funções orais.

Desproporções músculo esqueletais da face
A cirurgia ortognática é uma ferramenta da cirurgia bucomaxilofacial com o objetivo de corrigir desproporções músculoesqueletais faciais. O Fonoaudiólogo faz um trabalho muito efetivo antes, e após a intervenção cirúrgica. O objetivo está na reabilitação muscular orofacial para evitar recidivas cirúrgicas, promovendo desta forma a estabilidade funcional.

Presbifagia
A presbifagia é o processo de envelhecimento da deglutição. Geralmente acomete indivíduos a partir dos 65 anos de idade e pode manifestar-se com engasgos, tosse e desconforto durante a alimentação. Prevenir e reabilitar é um importante papel da Fonoaudiologia pois a terapia pode minimizar os sinais que aparecem, assim como buscar a manutenção de uma maior eficiência muscular funcional com o passar dos anos.

Obesidade
Recentemente, a Fonoaudiologia tem demonstrado um importante papel na reabilitação de indivíduos obesos e com indicação para cirurgia bariátrica. As principais funções orofaciais a serem trabalhadas nestes pacientes são a mastigação e a deglutição. Muitos indivíduos após a intervenção cirúrgica podem apresentar dificuldades na introdução gradual dos alimentos, e sintomas como engasgos, sensação de alimento parado, deglutição de ar ao se alimentar, dentre outros. O papel do fonoaudiólogo está em acompanhar esse período para uma melhor evolução pós cirurgia.

O que é Disfagia?
A disfagia pode ser definida como dificuldade no ato de engolir alimentos, líquidos ou saliva. O problema pode ocorrer em qualquer faixa etária, desde bebês recém-nascidos até idosos, e isso pode provocar desconforto durante alimentação e complicações sérias à saúde, como pneumonias.

Existem dois tipos de disfagia, que são classificadas devido a sua localização, são elas:

Disfagia orofaríngea (ou chamada de disfagia alta)

Disfagia esofágica (que acomete o esôfago).

As disfagias orofaríngeas são causadas por problemas na boca e na região da garganta. Esse é o tipo mais comum em pessoas idosas ou com doenças neuromusculares.

A disfagia não é uma doença, e sim um sintoma! E ela se manifesta com diferentes sinais que podem ser identificados de forma precoce. Os sinais de alerta para disfagia são:
– Engasgos, tosses, náuseas e/ou vômitos durante ou após a ingestão de alimentos e líquidos;
– Dificuldade de amamentação;
– Alimento parado na boca por um longo período de tempo;
– Mudança na voz ou rouquidão após as refeições;
– Cansaço após as refeições;
– Infecções respiratórias frequentes;
– Dor ao engolir;
– Dificuldade para mastigar;
– Perda peso.

Como dito anteriormente, a disfagia não é uma doença. Então, o que pode causar a disfagia?
– Doenças neurológicas como: AVCs (acidente vascular cerebral), Parkinson, Alzheimer, Paralisia Cerebral, Esclerose
– Múltipla, Demências, entre outras.
– Tumores na cabeça e pescoço
– Longos períodos de intubação orotraqueal e/ou Traqueostomia
– Prematuridade
– Processo de envelhecimento

A partir disso, como se dá o tratamento?
O tratamento depende da doença de base. Sendo assim, é necessário inicialmente a avaliação de um médico para realizar o diagnóstico da doença.

A avaliação da disfagia é realizada pelo fonoaudiólogo, a partir de: levantamento da história e queixas da pessoa, avaliação clínica direta e, quando possível, a associação de exames complementares de imagem (vídeo endoscopia da deglutição e videodeglutograma).

O acompanhamento com fonoaudiólogo se faz necessário para identificação de qual fase da deglutição encontra-se alterada, e assim definir o plano terapêutico, a fim de minimizar os sintomas da disfagia. Exercícios específicos e direcionados, adequação de dieta e/ou manobras de proteção e orientação quanto aos utensílios fazem parte da abordagem.

Quando não tratamos a disfagia, as consequências podem ser graves. Pois ela oferece riscos de desnutrição e desidratação e aumento da possibilidade pneumonias aspirativas e internações.

Então, em casos de dúvidas procure um fonoaudiólogo!!!